Brasília se oferece para sediar final da Libertadores após crise no Peru

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30 out
Brasília se oferece para sediar final da Libertadores após crise no Peru

A Copa Libertadores pode ter um novo palco. Enquanto o Peru afunda em uma crise política sem precedentes, o Distrito Federal se prontificou a receber a final da competição. Em um movimento inesperado, o governador Ibaneis Rocha enviou, na quarta-feira, 22 de outubro de 2025, um ofício oficial à CONMEBOL e à CBF, propondo a Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília, como sede alternativa para a final marcada para 29 de novembro. A proposta não veio de um plano de longo prazo — veio da urgência. Enquanto os protestos em Lima explodem, Brasília se prepara para acolher o futebol mais importante da América do Sul.

Peru em chamas, o futebol em risco

A crise no Peru começou em setembro, quando a então presidente Dina Boluarte Zegarra tentou impor reformas na previdência social. O resultado? Um tsunami de ruas. Em apenas 10 dias, o Congresso a destituiu por "incapacidade moral". Quem assumiu? José Jerí, um político de perfil técnico, mas sem apoio popular. Desde então, as ruas de Lima e Callao não acalmaram. Jovens da Geração Z — entre 18 e 26 anos — tomaram as praças, exigindo eleições imediatas. O desemprego chegou a 7,2%, os homicídios subiram 18,5% no primeiro semestre de 2025, e 17 deputados estão envolvidos em escândalos de corrupção. Em 21 de outubro, Jerí decretou estado de emergência por 30 dias, autorizando forças armadas a atuarem em conjunto com a polícia. A situação virou caos. E a final da Libertadores, prevista para o Estádio Nacional de Lima, passou a ser um risco logístico e de segurança.

Brasília, a alternativa pronta

Enquanto o Peru se desgasta, Brasília tem tudo: estrutura, experiência e vontade. A Arena BRB Mané Garrincha, reinaugurada em 2013 e reformada em 2024 com R$ 128,7 milhões do Governo do Distrito Federal, é o segundo maior estádio do Brasil. Capacidade: 72.851 pessoas. Infraestrutura de última geração: grama sintética, sistema de drenagem avançado, iluminação LED e acesso facilitado. Já sediou seis jogos da Copa do Mundo de 2014 — com mais de 450 mil espectadores — e a final da Copa América de 2019, entre Brasil e Peru, com 63 mil pessoas no público. Nada de improvisação. Tudo já testado, aprovado, em condições ideais.

"Trata-se do segundo maior estádio do Brasil, com capacidade para sediar esse importante evento esportivo", escreveu Ibaneis Rocha no ofício. E não é só o estádio. A capital federal tem hotelaria de qualidade, segurança reforçada, aeroportos operando com eficiência e experiência em grandes eventos internacionais. Enquanto Lima vive incertezas, Brasília oferece certezas.

Quem decide? E quando?

Quem decide? E quando?

A CONMEBOL ainda mantém Lima como sede oficial. Em comunicado emitido em 23 de outubro, a entidade disse que "acompanha a situação". Mas o calendário aperta. O Comitê Executivo da CONMEBOL — composto por 13 membros — se reúne em Luque, Paraguai, na sexta-feira, 26 de outubro, às 15h. É nesse encontro que a decisão será tomada. Se aprovada, Brasília se tornará a terceira cidade brasileira a sediar a final única da Libertadores, após o Maracanã (2020, 2022, 2024) e o Mineirão (2021).

"A proposta de Brasília está sendo analisada com muita atenção", confirmou Samir Xaud, presidente da CBF, em entrevista em São Paulo. "A infraestrutura é excelente, e a experiência da capital federal é inegável." O custo estimado para a mudança — US$ 1,2 milhão — será arcado integralmente pelo Governo do Distrito Federal. Sem pedir ajuda. Sem burocracia. Apenas uma oferta clara, direta e generosa.

Por que isso importa?

Isso não é só sobre um jogo. É sobre o que o futebol representa: unidade, celebração, escape. Enquanto o Peru vive uma das piores crises políticas da sua história — com manifestações que já duram mais de 60 dias —, o futebol corre o risco de se tornar um símbolo de caos, não de alegria. Brasília, por outro lado, oferece estabilidade. É uma alternativa digna, não uma emergência. E o mais importante: é uma proposta que respeita os torcedores. Milhares de peruanos e brasileiros já compraram passagens para Lima. Se a mudança for feita, a CONMEBOL terá que lidar com logística complexa, reembolsos, novos cronogramas. Mas o risco de um incidente grave em Lima é maior do que qualquer custo financeiro.

"O Peru enfrenta décadas de crise, e isso só se realimenta", disse o comentarista Zaidan, no programa Jornal Gente da Rádio Bandeirantes. "Não há visão de fim. E o próximo presidente? Será que vai cumprir o mandato?" Essa é a realidade. Enquanto isso, o futebol pode ser um alento. E Brasília está pronta para ser esse alívio.

Como será o processo de mudança?

Como será o processo de mudança?

Se a CONMEBOL decidir por mudar a sede, o cronograma será apertado. A CBF já tem um plano de contingência: transporte de equipes, alojamento, segurança, transmissão e logística de ingressos. O estádio foi reformado em 2024 com foco em eventos internacionais — incluindo sistemas de segurança eletrônica, câmeras de monitoramento e acesso para deficientes. A estrutura de TV e transmissão também está pronta: a Arena já foi palco de transmissões da TV Globo e da ESPN em alta definição. A única variável que ainda não foi resolvida: o calendário de preparação das equipes. Mas tudo pode ser ajustado em 30 dias.

Frequently Asked Questions

Por que Brasília foi escolhida como alternativa e não outro estádio brasileiro?

Brasília foi escolhida porque a Arena BRB Mané Garrincha é a única fora do eixo Rio-São Paulo com capacidade, infraestrutura e experiência em eventos internacionais de grande porte. Já sediou a Copa do Mundo e a Copa América, além de ter sido reformada recentemente com investimento público de R$ 128,7 milhões. Outros estádios, como o Beira-Rio ou o Arena Pantanal, não têm a mesma capacidade nem a logística urbana pronta para receber milhares de torcedores estrangeiros com segurança.

Quem decide se a final vai mesmo para Brasília?

A decisão final é do Comitê Executivo da CONMEBOL, formado por 13 membros representantes das 10 federações sul-americanas. Eles se reúnem em 26 de outubro de 2025, em Luque, Paraguai. Embora a CBF apoie a proposta, a CONMEBOL tem poder soberano sobre a organização da competição. A pressão da segurança e da imagem internacional pode pesar mais do que o tradicionalismo de manter a final no Peru.

O que acontece com os ingressos já vendidos para Lima?

Caso a mudança seja aprovada, a CONMEBOL deve garantir reembolso total ou transferência automática dos ingressos para a nova sede. Torcedores que já compraram passagens aéreas e hotéis em Lima terão direito a reembolso ou reagendamento, conforme regulamento da entidade. A CBF já sinalizou que vai criar um canal exclusivo para assistência aos torcedores, com equipe bilíngue e suporte 24 horas.

Brasília já sediou finais da Libertadores antes?

Nunca. Se a proposta for aceita, será a primeira vez que a capital federal sediará a final única da Libertadores. Mas já recebeu jogos importantes: seis da Copa do Mundo de 2014 e a final da Copa América de 2019. A diferença agora é o nível de importância: pela primeira vez, o jogo mais importante da América do Sul será disputado lá, com toda a cobertura global que isso implica.

O governo do Peru reagiu à proposta de Brasília?

Até o momento, não houve nenhuma declaração oficial do governo peruano. Mas fontes da CONMEBOL indicam que autoridades peruanas estão cientes da proposta e não se opõem — desde que a mudança seja vista como uma medida de segurança, não como uma derrota. Ainda assim, há resistência cultural: muitos peruanos veem a final como um símbolo de soberania. Mas diante da violência nas ruas, até o orgulho nacional pode ceder à realidade.

Qual o impacto dessa mudança para o Brasil?

Seria um ganho enorme. Brasília ganharia visibilidade global, impulsionaria o turismo, o comércio e a imagem do país como um destino seguro para grandes eventos. Além disso, reforçaria o papel do Distrito Federal como polo de eventos esportivos, não apenas político. O investimento de R$ 128,7 milhões na reforma do estádio já estava justificado — agora, pode se transformar em um legado esportivo de verdade.