Em 23 de setembro de 2025, a indústria cinematográfica perdeu uma das vozes mais marcantes da história: Claudia Cardinale faleceu aos 87 anos. Nascida como Claude Joséphine Rose Cardinale em 15 de abril de 1938, na cidade costeira de La Goulette, então parte do protetorado francês da Tunísia, ela começou a trilhar um caminho que a levaria a se tornar um ícone internacional.
Vida e carreira
Cardinale foi descoberta ainda adolescente, quando um designer de moda francês a trouxe para a Itália para trabalhar como modelo. Seu rosto exótico e a elegância natural chamaram a atenção de diretores de cinema, e, em pouco tempo, ela assinou seu primeiro contrato cinematográfico. Ao lado de lendas como Federico Fellini, Michelangelo Antonioni e Luchino Visconti, a atriz protagonizou obras que hoje são estudadas em escolas de cinema ao redor do mundo.
Nos anos 60, títulos como "O Guarany", "Os Irmãos Karamazov" e "O Segredo de seus Olhos" consolidaram seu status de estrela de primeira linha. Seu carisma atravessou fronteiras; ela foi capa de revistas nos Estados Unidos, França, Alemanha e Brasil, tornando‑se um rosto reconhecível até fora das telonas.
Apesar do sucesso, a vida pessoal de Cardinale carregou sombras. No início da carreira, ela enfrentou um relacionamento abusivo que manteve em silêncio por sete anos. Somente em 1975, o jornalista Enzo Biagi trouxe à luz essa história em reportagens publicadas nas revistas "Oggi" e "L'Europeo", revelando a força da atriz ao superar esse período difícil.
Legado e últimos trabalhos
Mesmo após a década de 1990, quando muitas estrelas de sua geração se retiraram, Cardinale continuou a aparecer em produções relevantes. Em 2020, ela liderou a minissérie suíça "Bulle", interpretando uma matriarca firme que lia o passado do vilarejo com uma sensibilidade incomum. O mesmo ano, estrelou "Rogue City", filme da Netflix que rapidamente alcançou a segunda posição entre os mais assistidos no fim de semana de estreia, provando que sua presença ainda atrai audiências globais.
Além das telas, Cardinale sempre foi defensora de causas sociais, apoiando campanhas de combate à violência contra a mulher e promovendo a preservação da cultura mediterrânea. Seu nome foi frequentemente invocado em festivais de cinema como símbolo da resistência artística.
O falecimento de Cardinale representa o fim de uma era. Ela foi uma das últimas estrelas vivas que presenciaram o auge do cinema europeu dos anos 50 e 60, época marcada por inovações narrativas e estéticas que moldaram o cinema contemporâneo. A perda reverbera entre diretores, atores e críticos que reconhecem nela não apenas talento, mas também um exemplo de longevidade e reinvenção.
Bruno Góes
setembro 25, 2025 AT 12:28Cardinale era tipo aquela atriz que você assiste e esquece que está vendo um filme, ela simplesmente era a personagem. Aquele olhar, aquela voz... tudo era real. Ela não atuava, ela existia na tela.
Eu lembro de ver "O Segredo de seus Olhos" aos 15 anos e ficar parado por 10 minutos só pensando no que acabou de ver. Nunca mais vi ninguém assim.
Elas não fazem mais isso hoje em dia, tudo é CGI e roteiro padronizado. Ela era arte pura.
Camarão Brasílis
setembro 26, 2025 AT 15:38morreu
Anderson da silva
setembro 26, 2025 AT 17:18É curioso como a mídia eleva figuras que, em termos de contribuição objetiva, são meramente estéticas. Cardinale, embora bela, não revolucionou a linguagem cinematográfica como Fellini ou Bergman. Sua presença era um recurso visual, não um dispositivo narrativo.
Além disso, o fato de ela ter sido "descoberta" por um designer de moda revela o quanto a indústria prioriza a aparência sobre a substância. Isso não é talento, é comercialização disfarçada de arte.
E ainda por cima, essa narrativa de "superou abuso" é uma construção midiática para criar heroínas de consumo. Ela foi uma vítima, sim, mas não uma libertadora.
Se queremos homenagear verdadeiras inovadoras, por que não citar Tarkovskaya ou Marguerite Duras? Elas moldaram o cinema com ideias, não com olhos azuis.
marcio pachola
setembro 26, 2025 AT 19:30cardinale era top msm kkkk lembrar dela no guarany e no segredo dos olhos é tipo ver um filme de 1970 mas com a vibe de hoje
ela tava sempre la, nao importa o ano, ela era a rainha do cinema europeu sem nem tentar ser
desculpa o typo mas to com preguica de corrigir
Laís Alves
setembro 27, 2025 AT 16:05Então a indústria decidiu que agora é hora de transformar todas as mulheres lendárias em santas de Instagram. "Superou abuso", "defendeu causas", "ainda atuou em 2020"... tudo muito lindo, mas será que ela queria ser um meme de #WomanPower ou só queria fazer cinema?
Elas não morrem, viram ícones de campanha de ONGs. E o pior? Todo mundo se esquece que ela era uma atriz, não um símbolo de campanha.
Rogerio Costa da silva
setembro 28, 2025 AT 08:20Eu não posso deixar passar isso em branco. Claudia Cardinale não foi só uma atriz, ela foi um fenômeno cultural que desafiou os padrões da época. Ela veio de um país colonizado, foi tratada como objeto, e ainda assim construiu uma carreira que durou mais de 60 anos, sem nunca se vender completamente.
Quando você vê ela em "O Guarany", não é só uma atriz italiana, é a resistência do Mediterrâneo, é a voz das mulheres que não tinham voz, é a beleza que não pede permissão para existir.
Ela não era só uma estrela, ela era um movimento. E hoje, quando vejo jovens atores tentando copiar expressões de TikTok, eu me pergunto: onde está a coragem? Onde está a profundidade? Onde está a alma?
Cardinale não precisava de likes. Ela tinha olhos que contavam histórias que nenhuma câmera digital conseguiria reproduzir. Ela foi o que o cinema deveria ser: verdadeiro, complexo, inesquecível.
E se você não sentiu isso, talvez você não tenha entendido o que é arte. Ela não morreu. Ela se tornou eterna.
Gustavo Domingues
setembro 29, 2025 AT 16:12É só mais um exemplo do colonialismo cultural. Uma mulher tunisiana, criada sob proteção francesa, sendo vendida como "ícone italiano" para alimentar o ego europeu. A Itália nunca a aceitou como uma deles, só usou ela como cartão-postal para exportar cultura.
E agora, quando ela morre, todo mundo finge que ela era "nossa". Não era. Ela era um produto da dominação. O cinema europeu sempre usou mulheres do sul como decoração, nunca como autoras.
E ainda por cima, essa história de "superou abuso" é só para desviar o foco do fato de que ela foi explorada desde os 16 anos. Nada de heroísmo. Só sobrevivência. E agora, a mídia transforma isso em um conto de fadas. Puta merda.
Bruna Bom
setembro 30, 2025 AT 18:04Eu nunca vi todos os filmes dela, mas o que vi me marcou. Ela tinha uma presença que não precisa de palavras. Foi um privilégio ter vivido na mesma era que ela.
Marlos Henrique
outubro 1, 2025 AT 01:07cardinale era a prova de que beleza + talento = imortalidade 😍
quem não lembra dela no segredo dos olhos? aquilo foi tipo um golpe de arte no peito
ela era a mulher que todos queriam ser e todas tinham medo de ser
meu pai falava que ela tinha olhos que viam até o que a câmera não filmava 🙏
descansa em paz, rainha do cinema 🌹
Lilian Silva
outubro 2, 2025 AT 02:42Quero falar sobre o que realmente importa: Cardinale nos ensinou que a arte não precisa de perfeição, precisa de coragem. Ela não era a atriz mais técnica, nem a mais treinada, mas era a mais presente.
Ela enfrentou o abuso em silêncio, mas não deixou que ele a apagasse. Ela continuou trabalhando, continuou escolhendo papéis desafiadores, mesmo quando o mundo queria que ela se aposentasse por causa da idade ou da aparência.
Isso é o que precisamos ensinar às jovens: que você não precisa ser jovem, magra, branca ou perfeita para ser importante. Você só precisa ser você - com todas as suas cicatrizes, com todos os seus silêncios.
Cardinale foi um farol. E mesmo depois de partir, ela continua iluminando o caminho para quem quer seguir fazendo cinema com alma. Ela não morreu. Ela se tornou referência.
Breno Pires
outubro 3, 2025 AT 17:55Isso tudo é uma farsa. Cardinale morreu? Claro. Mas quem garante que não foi um plano da NATO para desviar atenção da crise na Ucrânia? Ela era uma figura muito bem conectada com os EUA e a UE. A imprensa italiana e brasileira está em pânico porque ela sabia demais.
Seu último filme, "Rogue City", foi lançado na Netflix exatamente 3 dias antes de um novo acordo de energia ser assinado. Coincidência? Eu acho que não.
As pessoas estão sendo manipuladas para chorar por uma atriz enquanto o mundo desaba. Eles querem que você se emocione com ela, não com os refugiados. Não com os cortes na saúde. Não com os impostos.
Isso é lavagem cerebral. Eles querem que você esqueça a política. Eles querem que você chore por um rosto bonito. Não caia nessa.